Acordamos de ressaca. Pelo tamanho da ressaca sabíamos que o inevitável estaria por vir: nossas carteiras estavam completamente vazias. E agora? Ainda era sexta feira, o fim de semana não podia acabar assim.
Dentro do carro, já quase sem gasolina, toca o telefone com uma proposta irrecusável: UM SUPER SHOW, PARA ASSISTIR DO CAMARIM, em São Paulo.
-SÃO PAULO? Mas a gasolina só dá pra ir até o Jardim Botânico.
-Tudo bem amiga, se nada der certo, vendemos livros.
Alice é escritora. Lançou seu primeiro livro esse ano, e por sorte tinha 12 exemplares na bolsa. Esgotamos todas as possibilidades de vendas pra tios, tias e amigos, assim como esgotamos nossos créditos de celular. Pronto, sem dinheiro, sem telefones, sem gasolina, como chegaríamos à esquina da Ipiranga com São João? Ainda tínhamos o mais importante: amigas, disposição e 12 livros...
Buscamos as amigas : Carol e Joana. Agora éramos uma equipe, mas ainda não tínhamos o principal – compradores em potencial, e uma vaga idéia de onde traficar nossa cultura. Começamos bem, passamos por um hotel de luxo. Alice conhecia o chef do restaurante e havia prometido um livro pra ele, nada melhor que começar as vendas com alto estilo. Montamos lá mesmo, no bar chiquéssimo, nossa primeira exposição. Ganhamos a simpatia de todos, algumas taças de champangne, alguns canapés, chocolates e principalmente, a primeira venda.
Saímos animadas, a venda de livros se mostrava promissora, e a cidade um mercado em potencial. Continuamos nosso trajeto, passamos por um bar em copacabana, onde paramos pra comer algo, tomar um chopp, gastar o dinheiro da primeira venda e conhecer novas pessoas. Nenhum livro vendido.
-Garçom, encerra a conta que vamos pra santa Teresa!
Santa prometia. Sentamos num bar e logo descobrimos um amigo. Papo vai papo vem, o bar fechou suas portas, e mais uma vez não tínhamos vendido nenhum livro. Melhor ir pro bar do lado, onde (segundo a descrição do amigo Taj, que estava lá), era um mercado livre. Sentamos e logo fizemos nosso primeiro escambo, trocamos um livro por outros dois de poesia. A troca nos deu sorte, vendemos vários livros nesse bar, e já tínhamos capital pra chegarmos ao nosso próximo destino: a Lapa.
Ir a Lapa foi um desastre, sem vendas, não conseguimos entrar em lugar algum. Mas descobrimos um anjo, que não comprou um livro, mas comprou nossa idéia e resolveu sair por aí nos ajudando a vender livros. Fomos quase diretamente pro Leblon. Quase, pois paramos num posto de gasolina, abastecemos de gasolina, cervejas e cigarros, lavamos (nós mesmas) o carro e pasmem: vendemos um livro!
Leblon, temakis, artistas e anônimos...mas tudo termina em Pizzaria Guanabara e nenhum livro vendido. O melhor mesmo era voltar pra casa e tomar café da manhã no restaurante do meu prédio, onde ainda conseguimos marcar um lançamento do livro.
Acordamos novamente de ressaca, sem dinheiro, ainda no Rio. Mas o que importa é que tínhamos conhecido novos lugares, novas pessoa, um anjo, e o mais importante: nos divertido bastante. Já citei que o livro se chama : " meninas, sapos e um mundo revirado".
sábado, 13 de junho de 2009
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dá uma vontade de ir junto...
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